quinta-feira, 18 de março de 2010

Competições (nem tão) veladas - Na lanchonete pulguenta

Mais uma dos serzinhos mais competitivos do planeta, o bicho gente. (Só um aparte: odeio essa expressão "bicho gente", parece coisa de folclorista fajuto ou autor de livro infantil chinfrim. Ou do Antonio Nóbrega. Nem sei por que usei.) Esse é um desafio notoriamente masculino, que envolve geralmente uma alta dose de colesterol e pouquíssima dó do aparelho digestivo: é o Ultimate Nasty Quick Lunch Challenge. Desenvolve-se normalmente no horário do almoço, em regiões comerciais, preferencialmente nos estabelecimentos mais furrecas da área. Já aconteceu comigo. A coisa começou na calçada, onde percebi que um sujeito atrás de mim vinha andando mais rápido com o único propósito de me ultrapassar. Naturalmente, no que ele caiu no meu campo de visão periférica, eu acelerei. Entrei na lanchonete - nojenta - na frente dele, ponto meu. O cara já ficou bolado. Sentei na cadeira mais no meio do balcão, ele pegou o lugar entre a pia e o espremedor de laranja. Ou seja, passou o almoço sendo respingado por detergente com cheiro de sebo e/ou ácido cítrico. Ponto meu de novo. E ponto extra porque ele ainda vai ter que aguentar o barulho do espremedor e o cheiro dos bagaços jogados no lixo junto com os restos da coxinha, a cebola crua da salada e a borra do café. Ele já sentia que a minha vantagem aumentava a passos largos. Meu sorrisinho sacana também colaborava com a sensação. Puxamos o cardápio ao mesmo tempo, como pistoleiros em duelo. Esmiuçamos as páginas. Fechei o menu e bati na mesa: " Quero um X (sim, x, não cheesee) bacon maionese!". Deu pra sentir o calor do olhar mortífero do meu oponente na minha orelha. E então ele sacou: "Um x-EGG-bacon-maionese". O EEEEGGG foi assim mesmo, bem delineado. Não olhei pro lado, mas senti que ele sorria, satisfeito. Pedir pra acrescentar egg no meu sanduba era dar a mão à palmatoria. Fingi naturalidade. Ok, brother, 3 a 1. "E pra bebê?", mandou o Bigode atrás do balcão. " Uma coca", ele disse, possivelmente disperso com sua última tacada. Aí senti a vitória garantida: "E pra mim uma Fanta Uva". E corri pro abraço.
Levei uns três dias pra digerir esse almoço, mas tenho certeza que meu adversário não engoliu até hoje.

Já que falei em trânsito.

Tenho certeza de que quem escolheu ser "marronzinho" (ou agente do CET, se quiser ofender) era daquelas crianças que dedavam o colega que foi com a meia esportiva ao invés da 3/4 que o uniforme exigia. Apesar de ser branca, como a outra. E de ninguém ter perguntado. Ou mesmo reparado. E no mínimo contava escondido, pra não levar porrada do resto da turma.

Trânsito, a o trânsito... vira e mexe eu volto a ele...

Me peguei com uma mania de velho: Querer que TODO MUNDO siga as regras de trânsito à risca. Coisa que eu não faço, diga-se de passagem, que de santo, só o nome. E também porque eu ainda não sou tão velho. Mas não faço absurdos, manobras de alto risco nem sou de me exibir às custas do possante. Por que nem eu nem ele somos estreantes no trânsito. Porém também não gosto de malaco querendo levar vantagem em tudo, cerrrto? E aí é que entra a mania de velho: Não corto fila, tenho a maior paciência com aquele semáforo de retorno pessimamente regulado, deixo pedestre acabar de atravessar a rua e fico (pra ficar no estilo véio) uma pistola quando fazem essas merdas e querem contar com a sua compreensão, forçando a entrada na sua frente, por exemplo, quando são pegos na contramão pelo ônibus. Ou pelo guarda. Aí eu mando meu lado velhinho às favas e desejo que o miserável se ferre de verde e amarelo. Não colaboro com gente que não colabora com os outros. E fechamos com mais um provébio de velho: Se cada um fizer sua parte direitinho, todos saem ganhando.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Competições (nem tão) veladas - No caixa do super

Serzinho competitivo é gente. Deve ser coisa do DNA, deve vir lá do tempo em que a gente morava em árvore e tinha que achar a fruta antes do vizinho de galho ou não almoçava. Tudo a gente tem que chegar antes, mais rápido, mais forte. Parece o tema olímpico, mas taí no dia a dia pra quem quiser ver. Sempre que eu vou no supermercado, eu reparo nisso: Você chega com o carrinho lotado, a caixa sorri e, depois de perguntar se você quer CPF na nota, ela se prepara. É um desafio de velocidade - você tem que descarregar as compras mais rápido do que ela passa os produtos pelo leitor ótico. Ela marca ponto se a esteira ficar vazia, você se lotar tudo e atolar a bichinha. Confesso que eu tenho minhas táticas, que divido agora com vocês.

1 - Organize seu carrinho
Não para facilitar a embalagem ou para manter a cândida longe do repolho, mas porque aí você vê o que pode descarregar para dificultar o adversário. Alguns itens são como coringas, que servem para retardar as caixas mais espertinhas. (ver abaixo) Com o carrinho organizado, você tem acesso fácil a eles, o que pode salvar sua partida.

2 - Produtos-coringa
Se a caixa for lesada, tipo chegou ontem do sertão de Caicó, seu jogo tá na mão. Mas se for uma rata de supermercado, já rodada pelo extra, carrefour e wall mart, você pode se ver em apuros. E aí é hora de lançar mão dos seus coringas, a saber:

- Frutas e verduras - Precisam ser pesadas e não tem códigos de barras, são boas para atrasar o fluxo da mercadoria.

- Frango, peixe e carne - Geralmente, o código de barras não funciona porque está coberto de gelo, água, sangue ou outra gosma qualquer. Aí a mina tem que digitar um por um dos 900 micro-números, o que te dá uma enorme vantagem. Gelados, como iogurte e manteiga, também podem servir, mas a limpeza do código neles é bem mais fácil.

- Produtos exóticos e/ou de marcas suspeitas - Muitas vezes o cuscus marroquino ou a compota de betterraba israelense estão a tanto tempo na prateleira que ninguém lembrou de catalogar. Aí, quando chega no caixa, pimba! Não está registrado, tem que parar, chamar o moleque, procurar o maldito código, ele tem que voltar.... É arriscado, mas se funciona é uma baita jogada.

3 - Golpes sujos
Bem, não diga que você ouviu isso aqui, mas dá pra arrumar um jeito de obter vantagem de forma, digamos, suspeita. Mas como não tem juiz nesse jogo, vale raspar um código aqui e ali, dar uma melecadinha numa embalagem - que além de dificultar a leitura vai fazer a mocinha parar pra pegar um saquinho e botar a nojeira dentro - molhar a esteira com algo degelando (ela vai ter que passar o paninho...) e até botar a caixa de leite na esteira pra diminuir a velocidade. Truques, meu caro, truques.

Devo dizer que tenho obtido bastante sucesso com esss táticas, especialmente combinando-as na hora certa. Espero que sejam úteis para vocês nas próximas compras. Bom jogo!
 
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